Quisera saber
sim
com total exatidão
o que existe depois do fim
qual o outro lado da história
que não conheço
e

Quisera saber
sim
com total exatidão
o que existe depois do fim
qual o outro lado da história
que não conheço
e
Salomé de Klimt
A CABEÇA DESTRONCADA DO PROFETA jazia numa bandeja de prata. Vinha acamada em viscosa calda de sangue vivo. Os cabelos, castanhos e aparados, estavam empastados por uma graxa pegajosa e repulsiva. Os dentes travados e os lábios cerrados contavam recordação do minuto extremo e aflitivo em que aguardava a cutilada inclemente.
Angústia que era desmentida pelo ar de riso que saltava dos olhos sonolentos da cerviz decepada. Estaria neste (isso sim) a prova de que o profeta aceitara com resignação o funéreo desfecho. Até com grande júbilo ( na certa diria ). Cumprira a sua missão de anunciar a vinda de alguém mais poderoso do que ele, cujas sandálias nem seria digno de descalçar.
Vozes profanas e não confiáveis chegaram a garantir que viram os olhos do justiçado pestanejarem, mesmo quando a cabeça já havia sido apartada do corpo e rolou pelo chão imundo da masmorra. E outra vez mais quando o carrasco a ergueu pelos cabelos e, envaidecido, a exibiu a uma sorridente plateia de soldados sedentos de sangue.
João Batista já não tinha voz para clamar no deserto.
O casal sentou-se diante da promotora e da juíza, cada qual com seu advogado. Ele, magro, moreno, cabelos pretos, aparentando 30 anos e tristeza no rosto. Ela, branca, rosto redondo, meio gorda, cabelos pretos ondulados, aparência de 40 anos. A juíza, sem perda de tempo, perguntou.
ComentáriosDe passagem por Paris em setembro de 2010, eu vivi um momento muito especial: o que parecia ser um simples passeio cultural transformou-se numa emocionante experiência existencial e fez brotar dentro de mim poderosas recordações afetivas. São lembranças ligadas a um castelo e ao meu pai, rei despótico que governou minha infância com mão de ferro. Era um soberano temido e amado ao mesmo tempo.
ComentáriosSe por um lado ficamos preocupados com o crescente número de jovens que aderem às drogas, por outro lado ficamos entusiasmados com a quantidade imensa de jovens profissionais que estão desempenhando suas atividades com ética, dignidade e entusiasmo. Eles fazem parte daquele grupo de brasileiros que querem ver o seu País crescer livre da corrupção e dentro da seriedade. São jovens juízes, promotores, procuradores, médicos, engenheiros, enfim, profissionais que exercem com respeito o seu trabalho e não deixam passar nada que não seja absolutamente dentro dos padrões de seriedade. A juventude brasileira anseia por ter um lugar ao sol, querem mostrar do que são capazes e ficam angustiados quando vêem exemplos negativos daqueles que deveriam ter um comportamento digno e não tem. É uma pena que os homens não entendam a importância dos seus papéis quando desempenham funções em que o povo está envolvido. A lei do retorno é implacável e os resultados sempre voltam quando saímos do nosso limite.
ComentáriosDeve-se ir a onde se pode saborear a fruta da safra. Tem-se que perfazer a rota por aquilo que é sazonal, procurando o que nos conforta e nos completa, absorvendo os frutos do milagre da renovação. É hora, é dia, é tempo de o olhar se engalanar com a paisagem, de se ver a primavera em flor charmosa brotar da terra em cor, em forma, em textura e em aroma; de sentir a presença da rosa mais antiga, de gestos apurados, a sorver o cálice do sol, e, com precisão espartana, a guarnecer de beleza o mundo.
ComentáriosA reunião de 6 setembro último, ensejou surpresas agradáveis: primeiro, na aprovação por Aclamação da gestão do presidente Rostand Lanverly. Seguindo, pela surpresa de um momento reservado a declamação de poemas pelos próprios autores que se transforma numa bela tertúlia. Era para ser um momento intimista de uma reunião de pauta única com a aprovação de apenas uma chapa para a Diretoria da entidade. Porém, já havia uma expectativa em torno de declamações de poesias pelos proprios autores. Alguns vídeos foram gravados para que se tenha uma ideia do clima da reunião e qualidade do conteúdo das apresentações.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.
CAEIRO, Alberto (PESSOA, Fernando),
O guardador de Rebanhos, XXVIII
Conheci Gilberto de Macedo quando ainda era adolescente. Eu era amiga de escola de suas filhas Rosana e Carmita e tive a oportunidade de conviver com ele, sua esposa Dona Carmen e toda a família. Eles eram atenciosos e muito educados. Ele também era amigo do meu pai, o prof. Aloysio Galvão. O tempo foi passando, quando em 1980, ingressei na Faculdade de Medicina da Ufal, e tive a oportunidade de ser sua aluna na disciplina de psicologia médica e antropologia durante o curso. Mas tarde, ele foi meu paciente no consultório médico de otorrinolaringologia . É uma honra falar do grande mestre “ O prof. Gilberto de Macedo”, ele era Professor Catedrático da UFAL, foi um dos fundadores do curso de medicina da UFAL, era um professor de senso crítico e democrático, muito dedicado aos estudos e era um grande pesquisador. Publicou vários livros, dentre eles destaco: “A Universidade Dialética” ( Consciência, conflito e violência na Universidade). Diz ele na primeira edição desse livro em 1969: “A Universidade, não se poderia imaginá-la em autenticidade, fora da dialética. É nela onde acontece a idade da razão, da capacidade para o raciocínio, quando se pode concretizar o discurso metodológico, e o dialogo pedagógico para adquirir sua plenitude. A universidade autêntica é reflexiva, compreensiva e criadora. ….mas, crítica.”” ao permitir o conhecimento dos homens e das coisas através do pensamento dialético. Diz ainda: que a liberdade do que se fala é aduzida de consciência social.”
O prof. Gilberto de Macedo escreveu semanalmente crônicas no jornal gazeta de Alagoas, fez parte como membro efetivo do IHGAL e da Academia Alagoana de letras e de outras entidades culturais. A Faculdade de Medicina da UFAL o homenageou, ao inaugurar no dia 11 de outubro de 2019 a “Unidade Docente Assistencial (UDA) Professor Gilberto de Macedo”, localizada próximo da UFAL. Onde são realizadas atividades compartilhadas com a secretaria municipal de saúde, de forma multidisciplinar e interprofissional, envolvendo docentes e discentes da UFAL de diversos cursos.
O OBELISCO DE MÁRMORE: A HISTÓRIA DO MONUMENTO QUE CELEBRA A VISITA DE D. PEDRO II A MACEIÓ E A PAULO AFONSO
Ehrlich Falcão
No dia 11 de setembro de 1859, ao encerrar a 3ª sessão da 10ª legislatura da Assembleia Geral, D. Pedro II anunciou que iria viajar para o Norte do Brasil. O imperador tinha interesse em vários aspectos da região, como as condições sociais e econômicas das seis províncias situadas acima do Rio de Janeiro (Espirito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba), o estímulo ao avanço da agricultura e do transporte fluvial nessas áreas, e a apreciação das belezas naturais do rio São Francisco e da Cachoeira de Paulo Afonso, que faziam parte do seu roteiro. Para isso, ele levou consigo diversos documentos e mapas sobre o território, elaborados entre 1852 e 1854 pelo engenheiro Guilherme Halfeld, contratado pelo Governo Imperial, que estudou quase toda a extensão do Rio São Francisco: da cachoeira de Pirapora-MG até o desaguar no oceano Atlântico (Piaçabuçu-Alagoas).