Author Archives: Yaradir Sarmento

About Yaradir Sarmento

Yaradir de Albuquerque Sarmento é sócia efetiva da AAL, ocupa a cadeira 14 desde 2015 publicou o primeiro livro em 2013: versos sem reverso - editor Benedito Ramos Amorim, no ano seguinte publicou outro livro de poemas: Maquinações Poéticas com o mesmo editor e logo em seguida o romance: Sonho de Uma Noite na Índia lançado sob a edição de Benedito Ramos Amorim no ano 2016. O nascimento de vênus livro de poemas publicado em 2019 - editora CBA. em 2021- editora Viva - Um Jeito Feminino de Ser Crônicas e Contas. 2021 - editora Viva - Camaleoa - Romance 2023- editora Viva - Poemas Esquecidos - aguardando lançado. Pintora autodidata fez duas exposições no MISA - 2014 e 2019. uma exposição coletiva no parque shopping. Sua pintura é espontânea, tem traços de impressionismo, no entanto as cores são sua paixão e desafio, flores e mulheres místicas são seu tema favorito. Quer através da pintura resgatar o divino no feminino, a deusa geratrix que impulsiona a humanidade para a procura do bem e o belo, tanto externamente na natureza que nos cerca quanto interna na força do espírito que constrói e eleva o homem aos páramos dos deuses.

QUATRO POEMAS COLHIDOS NO JARDIM DE MINHA ALMA
   19 de janeiro de 2024   │     11:07  │  0

INSONE E INSANA

Insone e insana,
Penso em teus olhos de brasas
Tuas mãos de tenazes
Teus pés de asas
Que cedo voaram para longe de mim,
Deixando em meu peito
Saudades sem-fim.
Vou cantar um rondó
Uma canção napolitana
Um verso perfeito
Palavras escolhidas.
Para ver se assim
Teus olhos de brasas se lembrem,
E teus pés alados
Retornem para mim…

SÓ PARA MIM

Escrevi…
e escrevi por escrever.
Para saber que estou viva…
Poemas, cantigas de amor
Para pôr fim a essa dor
De viver sem entender.
Escrevi e escrevo,
Só por mim
Para mim,
Para meu prazer.
Para ouvir a palavra,
Decifrar o sentido
Fazer vibrar a emoção
Da sonoridade escondida
Em cada silaba
Distinto som de palavra
A ser decifrada, destilada
O intenso e insano desafio
De esconder a lucidez
Em cantantes versos
Que parecem sem sentido.

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O VESTIDO DE MUSSELINE AZUL
   11 de dezembro de 2023   │     3:34  │  0

Luciana abre a porta do closet ,passa devagar a mão entre os vários vestidos. Procura um especial, aquele lá, azul Tiffany, uma cor que a deixa fascinada .Apalpa a musselina de seda, sente a maciez do tecido, a sensação é deliciosa. Ama tecidos macios, veludos , sedas , materiais que moldam levemente o corpo com uma carícia.
Há um voluptuosidade discreta, que ela disfarça muito bem para as outras pessoas ,mas intimamente sabe que é sua maneira de ser.

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Reencontro Com minha casa
   15 de novembro de 2023   │     5:07  │  0

Há quatro meses reencontrei minha casa.Apesar de está sempre morando nela. Preocupações e afazeres haviam me transformado apenas num visitante. Alguém que vai e vem, sem realmente permanecer para desfrutar da companhia de sua essência.
Revisitei cada cômodo demorada e silenciosamente.

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NÁUFRAGO
   25 de outubro de 2023   │     4:28  │  0

Sou tal qual um náufrago
Numa ilha perdida
Sobrevivo de pequenos goles de esperança
De algumas gotas de fantasia
Extática espero salvação
Algum barco, mesmo que estrangeiro de indecifrável linguagem
Aguardo chuva que despedes-te o espírito
Ando a volta de mesmos caminhos
Direções á esmo
Procuro salvação
Que não existe
Porque já sou salva
De qualquer ilusão .
A ilha ê uma miragem
A solidão uma amiga
A vida uma passagem.
Eternos na memória do tempo
Que nos limita aqui
mas nos liberta qdo compreendemos que o fio
Se prende a outros fios .
que a rede é infinita e se confunde com o Todo.

Entendo de nunca mais
   6 de outubro de 2023   │     3:29  │  0

Entendo de despedidas drástica
Rupturas abruptas,
Dores lancinantes.
Entendo de despedidas sem sentido
Como fugas de bandido
Sem vestígios ou sinais.
De noite de vigília e desalento
Dores que são um tormento,
Da alma partida
Dores que parecem esquecidas,que de repente ganham vida e
Nos torturam muito mais
Entendo do que foi e não voltou
De quem em ânsias esperei, e não chegou

De muito mais que adeus.
De nunca mais.

SURREAL
   31 de julho de 2023   │     9:34  │  0

Encho o tanque do carro
Sorrio para a moça
Aparo as pontas da fita
De meu chapéu Panamá
Dou um laço
Dou abraço
Faço um nó
Meu sangue sul americano
Mexicano ou cuiabano
Porto riquenho
Baiano sonhador,
Como um sanduíche
Mastigo um pistache
Voo na avenida
Brinco na praia.
Surfo a onda
E num susto viro um avião
Pássaro maluco
Metálico e suado
Sou da lagoa -sururu
Meu caminho traço
Sigo a rota da inspiração
Adeus menina bonita
Minha sina está amarrada
Ao moreno cor de solidão
Ao riso malandro e descuidado
Meio torto, meio sorriso
Amarrou meu coração
Me deixou apaixonada
Levou minha razão
Adeus noites de descanso
Adeus moça comportada
Me perdi na contra mão
Dessa vida atravessada
Dessa paixão descarada
Despertada por certa cor-solidão

Travessia
   21 de julho de 2023   │     3:39  │  0

Entra de um pulo na boleia do caminhão, a face afogueada pela pressa.
Tem certeza que é isso que você quer deixar tudo e ir para a cidade grande?
Balançou a cabeça assertiva –O senhor sabe faz tempo penso ir embora; quando me disse que Arminda sua esposa me deixou ficar alguns dias em sua casa, não tive duvidas , vou para Bahia .– Vão pensar que fugiu comigo.
—Deixe pensar, nem ligo. Sigo o que meu coração pede há muito tempo. Vivo bem e feliz com Aurélio, um homem bom que gosta de mim, mas tenho uma ânsia, um desassossego, um aperto no peito, como se alguma coisa me chamasse para algum lugar distante.

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A nau encantada
   3 de julho de 2023   │     4:15  │  0

Jose Matheus chegou à janela da pequena casa na praia, o mar quase beirando a calçada; E viu, no suave sol da manhã azul, na enseada, uma nau daquelas que tantas vezes admirara em seus livros de História do Brasil. Esfregou os olhos para afastar o sono, esfregou outra vez, para ter certeza:-

Gritou: Rita vem cá! Rita chegou apressada.

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Ancestralidade
   23 de junho de 2023   │     2:39  │  0

Ao amanhecer lembranças do passado ecoam .
Caudaloso rio de reprimidas histórias que não deveriam ser contadas.
Por que relembrar?
Traições, humilhações, degredo
Por que saber o medo, o pavor
Da fragorosa batalha?
Lembranças deveriam sedimentar no inconsciente.
Jamais serem despertadas.
Do alcouce á câmara nupcial
Do desdém á glória real
Da miséria à opulência ao Fausto das grandes catedrais
Quantas mulheres sofreram ?
Quantas morreram até de morte natural.
Até chegar a mim :
A herança dos desejos não satisfeitos
Das mortes por inanição
Do terrível sacrifício de vestais apaixonadas.
toda essa bagagem, o peso desse passado
Me assombra as noites de insônia e de solidão .⁶

Nênia para o bairro assassinado Andante ma no tropo Canto um
   17 de maio de 2023   │     8:52  │  1

Portas desguarnecidas parecem bocas em gritos de pavor
Reproduzem centenas de telas de Much por toda extensão das ruas desertas
Uma profusão de janelas escancaradas me olham como a pedir socorro.
Não existem telhados, nada que proteja paredes cobertas por arbustos que desordenados ocupam frestas e pequenos espaços.
HÁ UMA ATMOSFERA DE DESTRUIÇÃO E ABANDONO.
O Silêncio impera…

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