Category Archives: Poesia

SURREAL
   31 de julho de 2023   │     9:34  │  0

Encho o tanque do carro
Sorrio para a moça
Aparo as pontas da fita
De meu chapéu Panamá
Dou um laço
Dou abraço
Faço um nó
Meu sangue sul americano
Mexicano ou cuiabano
Porto riquenho
Baiano sonhador,
Como um sanduíche
Mastigo um pistache
Voo na avenida
Brinco na praia.
Surfo a onda
E num susto viro um avião
Pássaro maluco
Metálico e suado
Sou da lagoa -sururu
Meu caminho traço
Sigo a rota da inspiração
Adeus menina bonita
Minha sina está amarrada
Ao moreno cor de solidão
Ao riso malandro e descuidado
Meio torto, meio sorriso
Amarrou meu coração
Me deixou apaixonada
Levou minha razão
Adeus noites de descanso
Adeus moça comportada
Me perdi na contra mão
Dessa vida atravessada
Dessa paixão descarada
Despertada por certa cor-solidão

LUZ DO SOL
   14 de julho de 2023   │     8:35  │  0

Diga-me
noite
por que insiste
em manter-me triste
privando-me da luz
se o antídoto
que
só ele
produz
é o único responsável
por gerar clareza
através da qual
consigo enxergar beleza
ver que tudo reluz.

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Cria corvos
   10 de julho de 2023   │     11:22  │  0

Abrindo as togas escuras,
feito corvos abrindo as asas,
eles disseram a crocitar
– Estamos no topo.
Nem Deus está acima.
Até mesmo fatos
a gente pode criar.
E para que a ousadia
não venha a se repetir,
é preciso que a sentença
seja bem exemplar.
(Nada melhor do que o medo
para dissuadir e calar.)

Ouvindo em silêncio,
alguém ficou a cismar
– Que não se regozije o tolo
ao ver um desafeto penar.
Cria corvos e te arrancarão
os olhos,
os espanhóis costumam falar.

CONTE DE UM ATÉ TRÊS
   19 de junho de 2023   │     15:42  │  0

Se preciso for
conte outra vez.
Às vezes
não há tempo suficiente
para responder
se apenas contar
de um até três.

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O NASCIMENTO DE EROS
   1 de maio de 2023   │     9:08  │  0

[28/4 10:51] Yaradir: Cercado de luz azul iridescente
Nasceu o amor de asas transparentes
tão frágil, franzino
Era o menino
Cheio de melindres e desejos
Necessitava de incessantes beijos ,
carícias sutis
de sonhos e pequenos gestos pueris.
Enquanto crescia se fazia cada vez mais exigente
Mais aumentava a força
um desejo fremente
De mãos e corpos que se tangenciam,
E não mais podem ficar ausentes.
Sempre próximos ao menino de asas transparentes
Que alimenta a paixão e o desejo exigente
De se tornarem um só eternamente.
[28/4 16:05] BENEDITO RAMOS: Que tal nascimento de cupido
[28/4 16:31] Yaradir: O nascimento de Eros
Ou se preferir de Cupido

BRASKEM ALÉM DAS RACHADURAS – Memórias de Um Tempo Quase Esquecido
   21 de abril de 2023   │     3:57  │  3

“A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer”
Peter Burke

1- PROLEGÔMENOS

1-1. EM VERSOS

Um monstro flui nesse poema
Jorge de Lima – 1952

Um monstro flui nesse poema
feito de úmido sal-gema.

A abóbada estreita mana
a loucura cotidiana.

Pra me salvar da loucura
como sal-gema. Eis a cura.

O ar imenso amadurece,
a água nasce, a pedra cresce.

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SAUDADES MORTAS
   10 de abril de 2023   │     2:51  │  0

Houve uma tarde
Em que olhando nos meus olhos
Me deste duas plantulas
Que me foram uma floresta inteira

Plantei-as

Com elas
Meus sonhos renasceram
E viraram estrelas

Foram apenas de ciinco anos
A duracao da nossa eterna primavera
Passaram como cinco minutos
Mas duraram múltiplas eras

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A FEIRA DO SÉTIMO DECÊNIO
   20 de março de 2023   │     1:00  │  1

Há um vácuo de mãe
Nesta manhã de sábado
Dia de feira em Santana do Ipanema

Dia dos meus bois
E dos meus cavalos
De barro

E das alvissimas margaridas
Vendidas em ramalhetes
E dos tijolos açucarados
E das carnes no açougue
Que era chamado mercado

Há um vácuo de sábado
Nas tuas mãos de mãe morta
E enterrada no meu coração
Que hoje por ti amanheceu faminto

Momentos
   14 de março de 2023   │     1:22  │  0

Lisboa vale uma canção
Disseste-me sorrindo
Enquanto desfolhavas um malmequer dançante
Entre tuas mãos de sátiro
E ri despreocupada entre gardênias soluçantes.
Era tudo límpido e vazio de esperanças
Vazio de promessas ou desejos
Fluía a vida no compasso de uma csarda saltitante
Eu era uma criança que nada sabia de futuro
Nem tinha passado
Era só o presente, o instante vivido
Entre a canção e o malmequer-amarelo que desfilhavas distraído .
para na procura do bem e o belo, tanto externamente na natureza que nos cerca quanto interna na força do espírito que constrói e eleva o homem aos paramos dos deuses.