A RÉPLICA DA ESTÁTUA DA LIBERDADE EM MACEIÓ: UM SÍMBOLO DE LIBERDADE E ILUMINAÇÃO
   5 de julho de 2023   │     4:30  │  6

No coração da encantadora cidade de Maceió, em Alagoas – Brasil, ergue-se uma réplica significativa e imponente da famosa Estátua da Liberdade. Esse ícone mundial, presente da França para os Estados Unidos, também encontrou um lar em terras alagoanas. A escultura neoclássica, que representa a liberdade e a democracia, é um marco histórico que simboliza a amizade entre nações e a luta pelo progresso da humanidade. Vamos explorar a história e os detalhes deste notável monumento.

A concepção da Estátua da Liberdade teve início quando o abolicionista e pensador francês Édouard René de Laboulaye Lefèvre (1811/Paris – 1883/Paris) teve a ideia, em 1865, da criação de um monumento para ser doado aos Estados Unidos como símbolo de sua luta pela liberdade. Dez anos mais tarde, com a colaboração do amigo e escultor francês Frédéric-Auguste Bartholdi (1834/Colmar – 1904/Paris), a proposta começou a tomar forma.

Em setembro de 1875, o projeto foi anunciado com a formação da União Franco-Americana, entidade criada para arrecadar fundos para a realização dessa grandiosa empreitada. O povo francês financiaria a estátua; o povo americano contribuiria para a construção do pedestal. O nome dado à estátua, “La Liberté Éclairant le Monde”, em português “A Liberdade Iluminando o Mundo”, reflete o objetivo de simbolizar a liberdade e a democracia.

A estátua, meticulosamente planejada por Bartholdi, que se inspirou no Colosso de Rodes, é uma figura feminina, revestida, representando a deusa romana da liberdade, “Libertis”; sustenta na mão direita erguida uma tocha simbolizando a luz que ilumina o caminho para a liberdade, adorna a sua cabeça uma coroa com sete pontas, representando os sete continentes (América do Norte, América do Sul, África, Ásia, Europa, Oceania e Antártica), na mão esquerda ela segura uma tábua com a data da Declaração de Independência dos Estados Unidos em algarismos romanos – JULY IV MDCCLXXVI (4 de julho de 1776).

A construção da “Estátua da Liberdade” ocorreu nas oficinas de “Plomberie et Cuivrerie d’Art” Monduit, Gaget, entre 1875 e 1884. Foram utilizadas cerca de 300 folhas de cobre norueguês, com espessura variando de 0,80 a 3,00 milímetros, que foram marteladas, rebitadas envolvendo uma estrutura metálica interna que lhe dá sustentação. Essa estrutura metálica foi projetada pelo renomado engenheiro francês Alexandre Gustave Eiffel. Com peso total de 24.634 toneladas, ela alcança a impressionante altura de 46,50 metros.

Bartholdi voltou a Nova York com uma delegação francesa para ver a Estátua da Liberdade concluída e participar da sua inauguração. A um repórter ele afirmou: “My

dream has been realized. I can only say that I am enchanted. This thing will live to eternity, when we shall have passed away, and everything living with us has moldered away.”.

Bartholdi faleceu em 1904, mas sua estátua vive como um farol de liberdade que atravessa as gerações.

O monumento, depois de concluído, foi desmontado e levado para os Estados Unidos e instalado na Ilha da Liberdade, na divisa entre Nova York e Nova Jersey. No entanto, uma réplica dessa icônica estátua também encontrou um lar em Maceió. Por sugestão do pintor alagoano Rosalvo Alexandrino de Caldas Ribeiro (1865/Marechal Deodoro – 1915/Maceió), o Intendente de Maceió, Dr. Manoel Sampaio Marques (01/1905 a 04/1907), importou o monumento da França.

Fabricada pela Fundição Val d’Osne em Paris, a pequena escultura de metal fundido foi instalada em 1905 sobre um pedestal na Praça Nossa Senhora Mãe do Povo em Jaraguá, logradouro que posteriormente recebeu o nome de Praça Wanderley de Mendonça e, atualmente, é conhecida como Praça Dois Leões. A inauguração da estátua, juntamente com outras peças decorativas, ocorreu em 29 de abril de 1906, dia da inauguração da praça.

Ao longo dos anos, a réplica da Estátua da Liberdade passou por vários logradouros públicos em Maceió. A primeira parada foi no Cais da Recebedoria Central, atualmente conhecido como Praça dos 18 de Copacabana, em Jaraguá. Essa transferência ocorreu em maio de 1918, durante o governo de João Batista Accioli Junior (06/1915 a 06/1918), quando o cais foi inaugurado. A estátua passou a embelezar o local, tornando-se um marco simbólico para os habitantes da região.

Mais tarde, em novembro de 1939, na administração do Prefeito Eustáquio Gomes de Melo (02/1937 a 03/1941), a réplica da estátua da Liberdade foi transferida para o Parque do Centenário, atualmente conhecido como Praça do Centenário. Essa mudança ocorreu no ano em que o logradouro foi inaugurado, acrescentando uma atmosfera de inspiração e liberdade ao local.

No mês de outubro de 1950, na gestão do Prefeito João Teixeira de Vasconcelos (04/1948 a 10/1950), ela encontrou seu novo lar na Praça Manoel Duarte, localizada em Jaraguá. Nesse espaço, continuou a simbolizar os valores de liberdade e progresso, além de se tornar um ponto de referência e admiração para os moradores e visitantes da cidade.

No entanto, em 1994, quando era prefeito da cidade o Engenheiro Ronaldo Augusto Lessa Santos (01/1993 a 12/1996), a réplica da estátua da Liberdade retornou ao seu pedestal original na Praça dos 18 de Copacabana, em Jaraguá. Essa mudança marcou um momento significativo, a escultura reencontrou seu antigo lar e revitalizou a cultura da região.

Sob os efeitos da ação da natureza, ela começou a apresentar oxidação, manchas e corrosões, além de ter perdido sua cor original acobreada. Em outubro de 2017, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (SEMDS) tomou a responsabilidade de restaurar o monumento. Um laudo químico foi realizado para definir os materiais a serem utilizados sem alterar a sua estrutura. Com o cuidado de um engenheiro químico, ela passou por serviços de lavagem, desincrustação, selagem, enceramento e polimento, que lhe devolveram a beleza original.

A escultura em miniatura da Estátua da Liberdade em Maceió é um lembrete da importância dos valores democráticos e da luta pela liberdade. Assim como sua contraparte nos Estados Unidos, ela representa um símbolo de esperança e inspiração para

todos os que a contemplam. Através dessa réplica, os alagoanos e todos que visitam o bairro portuário de Jaraguá podem celebrar os ideais de liberdade e democracia que são fundamentais para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Motivo de orgulho para os alagoanos, ela é uma atração turística e cultural da cidade, atraindo visitantes de todo o país e do mundo, que ficam maravilhados ao verem esse icônico símbolo em uma localização inesperada. A presença dessa réplica em Maceió ajuda a fortalecer a identidade cultural da cidade e a destacá-la como um destino turístico

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About Ehrlich Falcão

Ehrlich Falcão é Engenheiro Civil graduado pela Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Foi engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem de Alagoas – DER/Al e da Prefeitura Municipal de Maceió. Professor aposentado do Instituto Federal de Alagoas – IFAL, Especialista em Transporte e Engenharia de Tráfego pela UFAL, Mestre em Tecnologia pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, Doutor em Ciências da Educação pela Universidade Tecnológica Intercontinental – UTIC em Assunção – Paraguai, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – IHGAL, onde ocupa a Cadeira nº 51, cujo patrono é Francisco Calheiros da Graça; Membro da Academia dos Engenheiros Escritores de Alagoas – ACEAL, ocupando a Cadeira nº 16, cujo patrono é José Arnaldo Lisboa Martins; é pesquisador, palestrante e autor do Livro Memórias de Maceió: I – Origem, fundação e símbolos.

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  1. Manoel Costa Tenório

    Parabéns ao Prof Ehrlich Falcão, por seus estudos dedicados a nossa querida Maceió, nos trazendo informações reveladoras, que são resultado de suas horas de pesquisas sobre a história de nossa capital.

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    1. Ehrlich Falcão

      Estou muito grato pelo seu comentário sobre o meu artigo no blog. É um prazer saber que gostou do meu trabalho. Agradeço muito pelo apoio e confiança. Espero que continue se interessando pelos meus artigos e que me envie mais comentários. Um abraço!

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  2. Romildo Jose de Souza

    Este artigo resgata para os habitantes da cidade de Maceió um acontecimento histórico, onde e bem descrito pelo professor Falcão.

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    1. Ehrlich Falcão

      Agradeço muito o seu elogio ao meu artigo. Fico feliz que tenha gostado da minha abordagem e do tema.
      Obrigado pelo interesse e apoio.
      Um abraço

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  3. Igor de Araújo

    Parabéns ao Professor Ehrlich Falcão pelo excelente artigo, que traz informações pouco conhecidas sobre esse símbolo histórico de Jaraguá.

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  4. Ehrlich Falcão

    Muito obrigado pelo seu comentário sobre o meu artigo no blog. É um reconhecimento saber que você admirou o meu trabalho e que ele foi interessante para você. Espero que você continue se atualizando com os meus artigos e que me mande mais mensagens. Um abraço!

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