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About Claufe Rodrigues

Poeta, romancista, jornalista, compositor, cineasta e produtor cultural, Claufe Rodrigues é há algumas décadas um dos principais divulgadores do nome e da obra de Jorge de Lima no Brasil. Como repórter e apresentador da TV Globo e da GloboNews, realizou diversas matérias e programas especiais sobre o escritor alagoano. O mais recente, o especial "O ateu e o místico", de dezembro de 2018, traça um paralelo sobre as vidas e obras de Jorge de Lima e Graciliano Ramos. Para a TV, o artista carioca roteirizou e codirigiu a série "Os nomes do Rosa", sobre Guimarães Rosa, e dirigiu "O poeta fingidor", sobre Fernando Pessoa, "Uma vida em linha reta", sobre Euclides da Cunha, e "O bruxo do Cosme Velho", sobre Machado de Assis, entre outros. Estreou no cinema com o longa documental "Faz sol lá sim", lançado em 2020, sobre a tradição musical em Marechal Deodoro/AL. Com 14 livros publicados, Claufe também escreveu artigos e ensaios sobre grandes escritores, como Fernando Pessoa, Clarice Lispector e Jorge de Lima. É dele o prefácio à nova edição do romance "Calunga" (Alfaguara/Cia das Letras), do escritor alagoano. Atualmente, se dedica ao projeto de adaptação de "Calunga" para o cinema.

FERNANDO JORGE PESSOA DE LIMA
   12 de abril de 2023   │     2:10  │  0

Poeta interior, que escreve de dentro, Jorge de Lima foi mais longe, mais alto e mais fundo que qualquer um. Além de escrever uma extensa e variada obra poética, ainda nos deixou ensaios e textos biográficos e uma coleção de romances que está por merecer novas leituras e reavaliações, como O Anjo, Calunga e Guerra dentro do Beco. E não podemos menosprezar o namoro com tintas e pincéis, que rendeu belos quadros, hoje espalhados por todo lado, e o trabalho com as colagens, reconhecido, hoje, como pioneiro no Brasil. No entanto, tendo participado da brilhante geração literária que praticamente definiu nossa identidade como nação, o poeta alagoano jamais alcançou, na posteridade, o lugar merecido.
Sempre me pergunto por que sua obra, tão cultuada nas rodas literárias daqui e do exterior, nunca conseguiu conquistar verdadeiramente o coração dos brasileiros, sofrendo entre nós largos períodos de ostracismo. Quantas escolas no Brasil adotam a leitura de Jorge de Lima em sala de aula? Esta seria uma das principais causas, mas especialistas apontam outras: que ele foi cristão num meio intelectual dominado por ateus; que o surrealismo nunca vingou no Brasil; que ele era um poeta difícil de ler.

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