BRASKEM ALÉM DAS RACHADURAS – Memórias de Um Tempo Quase Esquecido
   21 de abril de 2023   │     3:57  │  3

“A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer”
Peter Burke

1- PROLEGÔMENOS

1-1. EM VERSOS

Um monstro flui nesse poema
Jorge de Lima – 1952

Um monstro flui nesse poema
feito de úmido sal-gema.

A abóbada estreita mana
a loucura cotidiana.

Pra me salvar da loucura
como sal-gema. Eis a cura.

O ar imenso amadurece,
a água nasce, a pedra cresce.

Mas desde quando esse rio
corre no leito vazio?

Vede que arrasta cabeças,
frontes sumidas, espessas.

E são minhas as medusas,
cabeças de estranhas musas.

Mas nem tristeza e alegria
cindem a noite, do dia.

Se vós não tendes sal-gema,
não entreis nesse poema.

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PINHEIRO EM PRANTO (ÊXODO)

José Geraldo W. Marques – 2020

Seria excesso ou falta de juízo?
Pois agora dão prazos
Chamados de avisos!

Não calculam os prejuízos
Por dentro das vossas almas

– Deixai logo as vossas casas
Como se fez no Egito!

– Mas, se não há terra prometida
Teremos de criar asas
Depois de despedidos
Do Paraíso perdido?

Oh Senhora das Tempestades
Segurai os vossos guizos
Que os guizos da cascavel
Ainda estão em nosso ouvido!

Triunfará a sensatez?
Será o monstro contido?

– Perdida está a memória
Do teu ninho construído

Com o sacrifício da vossa vida,
Minha senhora,
E da do vosso marido!

Há rachaduras visíveis
Há arranhões escondidos
Estes doem tanto tanto
Que geram prantos contidos!

Há silêncios eloquentes
E há falares mal-ditos
Cruzando os céus da cidade

Há muito medo na gente
Que tudo viu e tudo sabe;

Por que então fazem trevas
Por que há tantos calares?

1.2. EM PROSA

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Há muito, por ter sido um personagem desta História, sinto ter obrigação pessoal e moral de escrever um texto para contá-la. Passou boi, passou boiada e como há um tempo certo para todas as coisas, o seu tempo agora chegou.
Um dos seus gatilhos mentais para este momento foi um Seminário da UFAL sobre aspectos jurídicos do caso Braskem/Pinheiro que virou live exibida com estardalhaço na TV local. Competência entre quase todos os apresentadores, um deles, porém, sério, inteligente e importante, que se apresentou como também parte da história, lastimavelmente, ou sofreu um apagão involuntário súbito ou produziu um voluntariamente, chegando a afirmar que nada (ou quase nada) se sabia sobre o histórico da tragédia maceioense até 1998, quando o assunto teria, em suas palavras, “explodido”.
Qual o quê? Segurei-me na cadeira para ver aonde ia chegar e, estupefato, assisti como um negacionismo histórico pode ser gerado tão sutil e rapidamente. Um apagamento intencional? uma amnésia coletiva?
Daí a importância do testemunho de personagens vivenciadores para fixar realidades históricas relevantes, antes que os ventos e as astúcias mudem-nas a seu bel-prazer. É claro que a memória é malabarista, mas o seu cotejo com fontes documentais anteriormente elaboradas e fixadas, em muito ajuda a aproximar, da melhor forma possível, o tempo fugidio atual do tempo ido embora. Foi o meu método.
É, pois, na qualidade de vivenciador sobrevivente que faço o meu registro agora, mesclando a minha história pessoal de vez em quando com a história da trágica industrialização química das Alagoas. Vivi e vivo a primeira com grande intensidade; fui e sou ator destacado na segunda – e também seu intérprete e escritor

1.2.1- GÊNESE

No princípio, eram o e a Salgema, o minério e a mineradora.
O salgema abundante jazia quieto e desconhecido nas profundezas da terra alagoana. Trata-se de um minério que não é nada mais que cloreto de sódio (sal de cozinha), acompanhado de cloreto de potássio e de cloreto
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de magnésio, pertencente ao grupo das rochas sedimentares, quimiogénicas, evaporitos.
Procurava-se petróleo, descobriu-se acidentalmente a camada salina e isto animou a cobiça de um certo empreendedor baiano (Euvaldo Luz), que adquiriu o direito de exploração. Nasceu assim da cabeça de Euvaldo, em 1966, a Salgema Industrias Químicas S..A.
Não tardou para que as entranhas de Brasília se assanhassem e das suas profundezas emergisse, em 1971, o guloso capital que tudo pode e nunca dorme. Entrou em cena o que hoje se conhece como BNDES, com uma injeção de capital tão forte que fez Euvaldo Luz bater em retirada. Foi a fase estatizante, que em 1975 passou a incluir a Petroquisa.
Teotônio Vilela dizia que “os nossos ventos sempre nascem longe”, e os que começaram a soprar sobre terras alagoanas, em 1975, nasceram nos Estados Unidos, através da multinacional americana Dupont de Nemours, que se tornou a grande acionista da nascente indústria cloroquímica. Isso mesmo: Dupont de Nemours!

Essa dança macabra de cadeiras poderosas continuou até a configuração atual, quando a empresa muda de nome para BRASKEM, e a composição acionária principal, quase meio a meio, passa para a PETROBRAS e para a Odebrecht. Isso mesmo: PETROBRAS e Odebrecht! No percurso evidenciaram-se interesses pessoais e profissionais do ex-Presidente Ernesto Geisel.
No princípio, também era o Paraíso! Secularmente habitado por uma comunidade de pescadores artesanais, chamava-se Pontal da Barra. Situado num entrecruzar-se de belas paisagens, o arruado era encravado em uma ponta de restinga, num ecocomplexo que incluía uma singular diversidade ecossistêmica: mar, laguna, estuário, manguezal, campo de dunas, coqueiral…Nas proximidades de Maceió, mas dela separado por um interstício, onde a feição natural predominava. Um belo exemplo do que o jargão ambientalista veio a consagrar como “paraíso ecológico”.
Pois foi nesse paraíso que a astuta serpente mais uma vez nos enganou. Em 1975, a empresa Salgema começou com a extração do salgema para
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produzir cloro e soda cáustica em uma fábrica localizada no Pontal da Barra, sem estudo de impacto ambiental e sem licenciamento para implantação adequado.

1.2.2. A MESCLA DAS HISTÓRIAS

Com a chegada de 1975, nossas histórias (a de Alagoas e a minha) começaram a misturar-se, a partir de uma interlocução entre o recém-eleito Governador Divaldo Suruagy e a minha pessoa. Primeiro, por via postal e por iniciativa minha; em seguida, num encontro presencial por iniciativa dele.
Naquela altura, eu morava no Rio de Janeiro, onde cursava o Mestrado em Ecologia da UFRJ. Suruagy montava a sua equipe em Maceió em um gabinete improvisado na Assembleia Legislativa.
Ao tomar conhecimento do que estaria para acontecer na minha aldeia, e após ler animadora entrevista do futuro governador falando do seu interesse em transformar o estado em um polo ecológico, sentei-me e escrevi uma missiva apressada parabenizando-o. Como resposta, recebi, através do meu pai (Adeildo Nepomuceno Marques, influente político na época), um convite para vir a Maceió a fim de ter uma conversa pessoal com S. Exª. Não tive dúvida: imbuído do entusiasmo de um jovem ecologista pela possibilidade de poder contribuir para o “equilíbrio ecológico” no espaço alagoano, apressei o passo e vim.
Nem me passou pela cabeça a advertência poético/profética do maior vate alagoano (o surrealista Jorge de Lima): “Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema/ (…) Se vós não tendes sal-gema não entreis nesse poema”. Ai de mim que não tinha sal-gema e entrei no poema surreal da minha tão cara Alagoas. Entrei de cabeça e saí quase sem ela!
O encontro foi muito cordial. Tratava-se de um colóquio com um homem civilizado, muito diferente daqueles selvagens caetés ligeiramente polidos, com uma tênue camada de verniz por fora, que Graciliano Ramos
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sub-repticiamente generalizou para descrever o alagoano. Não sabia eu que uma fila desses selvagens já ia se formando para me aguardar na próxima esquina histórica. Aguardavam apenas a invasão dos bárbaros!
Desse encontro, eu já saí Secretário Executivo de Controle da Poluição, num malabarismo administrativo executado pela genialidade política que tão bem caracterizou o longo itinerário do tríplice Governo Suruagy. Saí com um cargo que logo depois viraria carga; saí sem verba, sem teto, sem equipe e… pasmem: sem salário! Topei e começamos a improvisar.
Um dos graves problemas que era uma grande solução para os bárbaros era a falta de Manpower tecnológico local. Inexistência total de pessoal qualificado para lidar com previsão e controle de poluição e outros impactos ambientais inerentes à industrialização química. Então, a mais urgente tarefa era formar uma equipe técnica competente. Por sorte, apareceram o alagoano José Roberto da Fonseca e o gaúcho Osvaldo Viegas. Constituímos um trio coeso idealista, com capacidade mínima, porém, suficiente para enfrentar, cientifica e tecnologicamente, “o monstro que começava a fluir no poema”. Cercados de consultores amigos de alta qualidade, montamos um “serviço de inteligência” informal que nos passava informação suficiente para os questionamentos e demandas quotidianos que começavam a surgir. Na realidade, éramos um tigre de papel que impunha medo e respeito. A imprensa, nossa grande aliada. Minha formação especializada, embora insipiente à época, já compunha desafiador currículo. Agora, pensava eu, já que tenho condições de ombrear os bárbaros, eles não mais se valerão do vácuo técnico-científico alagoano, e as instâncias decisórias do meu literalmente pobre estado de Alagoas irão me escutar e poderão acolher as minhas opiniões. Duas novidades da época per se impunham respeito: eu havia concluído, na FEEMA do Rio de Janeiro, o primeiro curso de engenharia ambiental (‘Recuperação de Lagos’, ministrado por renomados mestres suecos) e tocava dois mestrados simultâneos (na USP e na UFRJ), exatamente com pesquisas ecológicas nas lagoas a sofrerem o impacto da industrialização pesada emergente. A isso somava meus 26 anos de juventude e atrevimento.
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Da Marinha, recebemos todo apoio, institucional e pessoal, através de dois civilizados que não eram caetés: o Capitão Hamilton e o Tenente Trinta.
Juntos conseguimos montar o Conselho Estadual de Controle da Poluição, já previsto em lei e com relativo poder decisório, dando início às primeiras reuniões produtivas.
Recebemos, como sede provisória, uma pequena sala na Secretaria de Saúde, onde, estranhos no ninho, jamais fomos acolhidos. O paroxismo, porém, foi atingido por uma mini-invasão bárbara norte-americana. Certo dia, ao chegarmos cedo para o nosso expediente, nossa entrada não foi permitida. Sem nenhuma comunicação prévia, o Sr. Secretário de Saúde, o médico Hélio Lopes, havia entregado a nossa sala para o serviço do Peace Corps. Isso mesmo: aos louros voluntários da paz! Foi para humilhar mesmo, esse primeiro recado dado ao modo caeté de que falou Graciliano, que de pronto entendemos. Com o rabinho entre as pernas, fomos pedir socorro ao Prof. José de Melo Gomes, Secretário de Planejamento, onde encontramos outro civilizado que nos acolheu com entusiasmo e polidez, cumprindo com competência e benevolência a liturgia do cargo. E ainda nos cedeu a sala que pôde!
Encontramos, desse modo, o nosso primeiro ninho!

2-VAI TER INÍCIO O ESPETÁCULO

2.1. O PARAÍSO PERDIDO – O primeiro ai!
Já encontramos o planejamento adiantado e as coisas fundamentais praticamente definidas, principalmente o local de implantação da fábrica de clorossoda, prioridade máxima para o governo do estado, que recebera imposição autoritária do governo federal militar. Médici.
Foi preciso ver para crer o que conhecíamos apenas por sussurros e considerávamos ser tão nonsense que não passaria disso. Em plena zona de
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acelerada expansão de crescimento urbano sem planejamento? Próximo a um grande estádio de futebol? Longe do corpo de bombeiros? Em uma estreita língua de terra limitada de um lado pelo Oceano Atlântico e do outro por um volumoso canal estuarino-lagunar? Em uma restinga com campos de dunas? Sim! Isso mesmo: no Pontal da Barra! Nas imediações da vila de pescadores, isolando um dos principais campus da Universidade Federal de Alagoas e tendo por limite um dos bairros que então mais se valorizava: o Trapiche da Barra.
Fiquei estupefato, mas como tudo era ainda um projeto e eu acreditava no triunfo da racionalidade, achei que as coisas poderiam andar lentamente e assim teríamos tempo ainda para dissuadir os responsáveis com poder decisório, usando o capital da razão. Foi quando de repente aprendi, por dura experiência pessoal, que o capital, quando tem suas pressas, é competente para acelerar a história, e que em terras alagoanas a razão tem razões que a própria razão desconhece!
Nosso informal “serviço de inteligência” já havia adquirido capilaridade e invisibilidade suficientes para nos suprir com as primeiras informações “secretas”. Por incrível que me parecesse, resolvi pessoalmente testar uma delas: – vão começar a derrubar as dunas do Pontal, disseram-me pela manhã. À tarde armei-me com a arma mais poderosa que eu tinha, ou seja, com minha máquina fotográfica, peguei o fusca da “Fundação Zé Geraldo Marques”, chamei uma testemunha idônea e confiável e voamos para o campo de dunas.
O cenário que encontramos foi desolador e já TOTALMENTE IRREVERSÍVEL: a terraplanagem avançara de tal modo que não restava mais duna sobre duna naquele campo agora desarrumado e destroçado, com restos de troncos de coqueiros abatidos e um ou outro ainda de pé, testemunhando conosco o ecocídio consumado.

2.2 – A INVASÃO DOS BÁRBAROS

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Vale a pena rememorar um pouco como se deu a ocupação do paradisíaco espaço no tempo, ou melhor, nos tempos. Começa com uma disputa entre o astuto Euvaldo Luz (lembram?) e a Union Carbide, decidida a favor do primeiro. Este é o tempo Castelo Branco. Aliás, consta que Euvaldo Luz, logo que tomou ciência das jazidas, começou a comprar terrenos na restinga.
Ele é esmagado pelo capital financeiro estatal. E o olho que tudo sabe e tudo vê, do capital privado norte-americano, começa a soprar os seus ventos longe nascidos (lembram?) através da Dupont de Nemours, que enxerga oportunidades na mão de obra barata, na exploração gratuita do capital natural, na quase ignorância ecológica local e no custo zero inicial da matéria-prima e de tributação fiscal. Ataca, através de um competente grupo técnico norte-americano, no qual se insere o próprio vice-presidente da poderosa empresa.
Derivemos um pouco. Procurando competência técnica no minguado capital cultural alagoano, O Governador Suruagy, contando nos dedos, escolheu para coordenar os trabalhos da parte alagoana, o competente, inteligente e honesto Engo. Beroaldo Maia Gomes, que confiou nas informações técnicas exógenas e por elas foi enganado. O vice-presidente da empresa não concordou com as alternativas de viabilidades locacionais que o nosso engenheiro apresentou e deixou-o peremptoriamente sem alternativa: “era ali na restinga que tinha que ser, uma vez que a atividade industrial não apresentava perigo nenhum”! Vila de pescadores? Era atraso a ser erradicado. Em um seminário de apresentação de um polo cloroquímico que terminou por ser implantado, um técnico respondeu a um questionamento que fiz dizendo assim: “é mais fácil mudar Maceió do que mudar a Salgema de lugar” (desse jeito!). Veremos que a “profecia” se cumpriu com a destruição de lares de 60.000 pessoas que tiveram suas casas demolidas ou rachadas como consequência do Cavalo de Troia que Maceió ganhou de presente. A “Operação Cavalo de Troia” prosperou com sucesso ante a nossa total impotência!

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3. A RESISTÊNCIA CAETÉ
Demos início à nossa ofensiva definindo uma estratégia tríplice, que foi a única coisa que podíamos fazer e que deu frutos – doces e amargos – até o descerrar da cortina. Consistia no seguinte:
– Elaboração de informes técnicos que eram enviados às instâncias decisórias, alguns confidenciais. Se não havia reação, respeitada a confidencialidade, dávamos conhecimento à mídia.
– Criação de conselhos com poder decisório, nos quais tínhamos direito a voz e votos, e a indústria, quando necessário e de mútuo interesse, tinha direito a voz, abrindo assim um espaço de integração dialógica. Nessas ocasiões pedíamos acesso aos devidos cronogramas para posterior análise, o que algumas vezes a empresa negou alegando cláusulas de segredo, principalmente tecnológicas. Havia (e ainda há, também cláusulas de segredo fiscal).
– Divulgação direta junto à comunidade através de conferências, palestras, eventos etc.
Foi assim que pouco a pouco conseguimos ir abrindo a Caixa de Pandora. Primeira descoberta assustadora: tudo indicava que ia ser utilizada a tecnologia de mercúrio. Se acontecesse, haveria uma poluição mercurial que muito bem poderia repetir no mar alagoano, o que já era exaustivamente conhecido na Baía de Minamata no Japão: o metal pesado entraria na cadeia alimentar atingindo até crianças ainda no útero e gerando uma irreversível doença neurológica, irreversível, atrofiante, causadora de sérios problemas mentais.
Como cientista em rigorosa formação, em princípio confiava no paradigma que diz: “dadas exatamente as mesmas condições, um mesmo fenômeno sempre se repete”. Aqui tínhamos as mesmas condições de Minamata: o mercúrio seria despejado sobre um dos principais bancos de camarão do nosso litoral e em um substrato lamoso onde as condições de metilacão sempre são extremamente favoráveis!
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Berramos! Foi exigido que se utilizasse a tecnologia mais moderna que já existisse, isenta de metais pesados. Existia, mas a empresa alegava custos. Houve pressão exógena e dessa vez o gol da vitória foi nosso! A tecnologia de diafragma foi a escolhida. Barramos!
A estratégia tríplice dera certo e nossa ingenuidade fez-nos pensar que sempre seria assim. Mas não estávamos na Suécia; estávamos na minha amada Alagoas, onde a lei da troca de “favores” predomina, a subserviência da classe dominante ao capital exógeno é regra, as fortunas brotam rápido de um solo historicamente adubado com suor e sangue e os ódios flutuam no ar.
Outra instância parcialmente vitoriosa foi a que resultou em modificação mitigadora do projeto inicial relacionado com as dunas. Descobrimos que uma eventual explosão no processo de produção era factível (o que foi comprovado por acidente posterior) e então exigimos um cinturão verde que isolasse o parque industrial da cidade em expansão e exercesse um efeito-trincheira sobre a própria indústria. Isto gerou balbúrdia na cidade. A empresa cedeu e implantou, não um cinturão, mas um anel com algumas plantas da caatinga em vez de plantas de restinga (será que confundiram os nomes?). Ainda está lá. Dos males, o menor!…

3.1. A ESFINGE TEM OS SEUS ENIGMAS (POUCO A POUCO) DECIFRADOS

O secretismo dito legal e a sonegação voluntária de informações, sem dúvida nenhuma, eram um óbice frequente. A isto somava-se o cinismo irônico ocasional como, por exemplo: um dos diretores respondeu, em reunião de conselho, que, dentre as substâncias do input para o início do processo, figurava o açúcar. Sabendo que o açúcar tem o potencial de gerar poluente orgânico no output, fiz eu de contas que acreditara e pedi para incluí-lo dentre os possíveis poluentes gerados pela empresa. Para que as
im não se fizesse, ele caiu no ridículo de confessar que tão somente ironizara.

About José Geraldo Marques

José Geraldo Wanderley Marques nasceu em Santana do Ipanema, onde fez os primeiros estudos e escreveu as primeiras poesias. Foi aluno marista em Maceió. Formou-se em Medicina Veterinária e Biologia no Recife. Fez Mestrado na UFRJ e na USP.. Doutorado com louvor e Pós-Doutorado pela Unicamp. Foi Professor na Univ de Évora (Portugal) e na Universidade Autônoma de Cuernavava (,México). Agraciado com o Prêmio Martin de Lá Cruz (Canadá)e com o Prêmio Nacional Vanucci do CNPq/Ministério da Cultura. Doutor Honoris Causa da UNEAL e Homenageado pela Univ. Santa Clara(Cuba),pela Univ. Hebraica (Israel) e pela Univ. de Teera. Membro da Academia Alagoana de Letras e da Academia de Ciências da Califórnia.

COMENTÁRIOS
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  1. José Avelar Brandão da Silva

    Excelente Texto. Zé Geraldo como é chamado pelos que o conhecem, foi meu professor de Biologia no antigo Colégio Estadual, bem como tive o privilégio de acompanhá-lo na sua passagem como Docente da UFAL. Esse brilhante e indiscutível texto tem lugar reservado nos anais da História de Alagoas, em especial de Maceió. Acorda Maceió, acorda Alagoas, acorda Brasil.
    Saudações,
    J. Avelar Brandão

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  2. Moezio de Vasconcellos Costa Santos

    Confesso que como membro do corpo docente da FDA da Ufal e muito ligado a erudição do falar e do escrever, fico impressionado com a profundidade dos escritos do Prof. Dr. José Geraldo Wanderley Marques. Há uma coerência e uma consistência direta com a realidade dos fatos acontecidos em tudo quanto o Dr. Marques da Silva escreve em relação aos desmandos da Braskem.
    Comungo de suas aspirações, meu amigo.

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