DESMONTANDO E REINVENTANDO SONHOS\CHOQUE DE REALIDADES
   12 de maio de 2023   │     5:05  │  1

Tenho dentro de mim guardados todos os meus sonhos: sonhos do presente, sonhos do passado e até sonhos que ainda ousam no futuro se realizar. Repasso cada um deles em detalhes, entro em contato com suas motivações e aprofundo corajosamente suas possibilidades de realização. Como numa despedida, embalo alguns deles no colo como que me preparando para dar meu adeus final.

Não é fácil me desprender de muitos deles. Como fazer se eles em mim se entranharam dando sentido e direção aos passos de minha vida? Como deixar de alimentar esses sonhos? Como renunciar a sua possível concretização? Dói, dói muito evidenciar que a hora é chegada de deles me despedir. Que a ruptura seja de vez, que se escoem pelas veias todo esforço, toda determinação, toda esperança neles depositados. Faz-se necessário e urgente dar um “BASTA” a todas expectativas que se cansaram de esperar.

Mais dolorido do que não acontecer é não ter a possibilidade de fazer acontecer. Só sentimos o frescor da brisa quando nos é dada a chance de abrir janelas. Todas as tentativas foram buscadas. BASTA! Que a dor se faça presente de uma só vez! Podem certos sonhos até ficarem em stand-by, mas não mais serão meu foco principal.

É hora de desmontar, de promover ajustes, de eliminar ou mesmo acrescentar novas peças. Temos de criar novos sonhos, buscando nos antigos novas inspirações e motivações. Virtualmente chegam a minha mente certas lembranças de criança. Recordo-me de quantas e quantas vezes desmontei meus carrinhos de brinquedo. Que prazer ter todas aquelas peças espalhadas pelo chão! Como montar aquele autorama de mil peças? Como fazer aquele aviãozinho de novo voar? Como armar novamente o castelo de Cinderela? Como encaixar os bracinhos da Barbie sem quebrar?

Não me lembro se era fácil ou difícil demais. Lembro-me apenas de que era fascinante e desafiante. E se eu não mais conseguisse juntar as peças? Pouco importava. O desafio era criar algo igual ou diferente. É assim que vou proceder de agora em diante. Vou desmontar meus antigos sonhos e reinventá-los tendo em mente as circunstâncias do presente. Serão tão atraentes e motivadores como os primeiros? Talvez sim, talvez não. A certeza que tenho dentro de mim é que não posso viver nem sem sonhos nem tampouco à espera do imprevisível sem data e certeza de acontecer.

Não tem alternativa. Tenho de dizer adeus a alguns de meus DESMONTANDO E REINVENTANDO SONHOS 01

sonhos que tornaram irrealizáveis, independentes de toda a minha determinação e foco. Vou desmontá-los como fazia com meus brinquedos para assim poder bravamente.

Não. Não pretendo ser cruel. Quero ser realista sem a perda da esperança para que as dificuldades não te façam desistir. Precisamos, amigo, de vez em quando provocar em nós e nos outros choque de realidades. Faz-se necessário que sejamos, às vezes, acordados abruptamente e de uma maneira contundente.

Chegou a hora de desfazermos ilusões, de desmontarmos certos projetos, de abreviarmos dores desnecessárias, de eliminarmos expectativas desmedidas, de buscarmos mudanças que se acovardaram de acontecer no decorrer da nossa existência.

Amigo, não há mais tempo de amarmos quem adequadamente não nos ama tanto, de nos preocuparmos com os outros em demasia, de protegermos quem suga a nossa energia e entusiasmo, de guardarmos lembranças que nos entristecem, de retermos na mente pensamentos negativos, de armazenarmos roupas que não mais nos servem, de convivermos com o que nos traz desprazer e insatisfação, Enfim, o que não há mais tempo é de esperarmos que as circunstâncias mudem e que os outros corram para atender às nossas necessidades e desejos.

Lamento, mas evidencio com tristeza e profundo desalento que em meu país a corrupção é um lugar comum, que todo evento começa com atraso, que o dano que fizeram à nossa geração é irreversível, que educação e saúde não são prioridades, que vencer através da meritocracia pode ser uma ilusão, que o salário não diferencia a qualificação, que a justiça trabalha em ritmo extremamente lento, que nem sempre o reconhecimento vem, que o ano só começa depois do Carnaval, que o jogo de cintura se tornou um importante título acadêmico e que o Brasil de todos nós é um país do “famoso jeitinho”.

Outras verdades inquestionáveis, lamento, mas tenho de te alertar: a vida é passageira, companheiro, estamos aqui com data marcada, tudo tem um tempo de terminar, filhos crescem e se vão, a saúde se deteriora com o passar dos anos e somos inevitavelmente sementes das próximas gerações.

Não é fácil receber tantos choques de realidade. Difícil, no entanto, é te ver indefinidamente gestante do futuro. A felicidade, amigo, depende unicamente de nós. Ela existe e é factível quando renunciamos viver em paraísos imaginários, quando aceitamos que vida é luta, quando admitimos que o sucesso não chega de graça, quando evidenciamos que há muito na aparente escassez e quando cremos que sempre haverá luz no fim do túnel. CHOQUE DE REALIDADES 03

Amigo, choques de realidade não matam, Somos, sim, anestesiados e, às vezes, eletrocutados, quando buscamos viver no mundo das ilusões. Não esqueçamos jamais a diferença existente entre o sonho e a ilusão. No sonho há uma ação em busca de realidade ao passo que na ilusão esperamos na passividade.

Acredito na vida e te convido para vivê-la da melhor maneira possível. Cabe a nós enfrentar as realidades e transformá-las em novas realidades, procurando ver, sentir e saber o que

 

About Luciane Figueiredo

Luciane Figueirêdo, natural de Alagoas, tem exercido a sua missão de educadora desde a sua adolescência. Seu contato e vivência por mais de 35 anos com a pessoa humana, em suas diferentes fases de vida, estimulam a sua sensibilidade na captação profunda dos sentimentos humanos. Daí, sua capacidade de escrever uma vasta obra sobre o que se passa no inconsciente e no consciente de todos nós. Revelar-se para si é muito difícil e muito mais quando revelar-se aos outros. Implica não ter mais volta, mesmo que se queira, porque nos tornamos públicos e aí temos testemunhas ou cúmplices, na melhor das hipóteses. No entanto, revelar-se é libertar-se como também o outro de ser refém de sua história pessoal, dos seus medos e de sua própria escravidão pessoal. É assim que sinto minha missão. Escrevi com a educadora Marília Silveira 65 livros para a Metodologia Lincoln Center. Como Life Coach e Psicanalista tenho uma obra de 26 l

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