A SGNIFICATIVA DIFERENÇA ENTRE TER E PARECER TER
   20 de novembro de 2023   │     4:21  │  0

Amanheci pensativo, refletindo sobre coisas que são, para mim, indiscutivelmente, importantes, fazem muito bem, quando sinto que as tenho, entretanto, causam tristeza, decepção, fazem muita falta, quando percebo estar enganado.
Sincero e sensível como sou, torno-me vulnerável aos ataques que têm, no verbo parecer, sua forma mais forte de agir, embarcando na frequente ocorrência de não perceber a diferença entre ter e parecer ter.


Refiro-me a um dos bens, no meu ponto de vista, mais preciosos, que um ser humano pode possuir, a amizade, difícil de explicar, mas muito fácil de entender.
Não há receita, fórmula alguma ou porção mágica, capaz de gerar, na expressão da palavra, uma verdadeira amizade. Ela nasce, acontece, sem que se perceba, de forma espontânea por que nada exige, é unicamente doação. Vem de onde menos se espera e, na maioria das vezes, não ocorre, não se materializa, onde deveria acontecer, se é que podemos imaginar haver alguma lógica nesse processo.
Realmente, não há nada que defina ou tente explicar um amigo. É um anjo da guarda que, mesmo estando distante, está perto. Se não o vemos, ouvimos, sentimos sua presença, seu ombro amigo, seu apoio. Faz da felicidade do outro, a sua, acompanhando sua vida, trajetória, vibrando com eventuais conquistas, sofrendo com suas derrotas, sem egoísmo, sem nenhum interesse, a não ser, o de proporcionar a felicidade do outro.
Se pararmos e pensarmos um pouco, chegaremos à conclusão de quantas e quantas vezes vulgarizamos essa palavra, tão profunda e perfeita, que é a amizade, essa figura impar que é o amigo.
Analisando mais profundamente, chegamos à triste conclusão de que superestimamos nossos conhecimentos, confundimos relações, onde o interesse, que aproxima pessoas, cria vínculos, deturpa os sentimentos verdadeiros, mascara as relações, dando-lhes uma falsa aparência.
Sentir que os que aparentavam ser amigos, enquanto, de alguma maneira, você lhes era útil, viabilizava desejos, materializava sonhos, na virada da página, no desenrolar da história, deixaram-se desmascarar, mostrando o outro lado, desnudando a verdadeira face oculta.
Embora não seja possível perder aquilo que não se tem, nesse momento, entra na história o verbo parecer, confundindo a realidade, deixando transparecer, embora erroneamente, um sentimento de perda ou, para ser mais exato, que parece ser de perda, mas, que na verdade, é muito mais de ganho, por provocar o despertar para a realidade que, por mais triste que pareça ser, por ser verdadeiro, suporte, pilar de sustentação da vida, obviamente, tem que ser assimilado.
A experiência mostra que os verdadeiros amigos são joias raras e, portanto, devem ser exibidos com orgulho por serem peças preciosas em extinção.
Os mais sortudos, quando questionados, exibem as duas mãos para quantifica-los, mas, na maioria dos casos, apenas uma mão é suficiente e atende satisfatoriamente ao objetivo a que se propõe.
Um, cinco ou dez, não faz diferença. O que realmente importa é reconhecer, identificar, o quanto antes, quais são os meus verdadeiros amigos, não os que parecem ser, quanto amigos eu tenho, não quantos pareço ter.

14 de setembro de 2023

About Alfredo Gazzaneo Brandão

MEMBRO EFETIVO DA ACADEMIA ALAGOANA DE LETRAS e da ACADEMIA DOS ENGENHEIROS ESCRITORES DE ALAGOAS, com 03 livros escritos participação em várias coletâneas além de trabalhos técnicos publicados em revistas especializadas. Membro e, posteriormente, Vice Presidente e Diretor Musical da ORGANIZAÇÃO CULTURAL SERENATA DA PITANGUINHA, de 1994 a 2021, com vários discos autorais gravados.

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