RELIQUIAS DA CULTURA POPULAR
   23 de fevereiro de 2024   │     7:30  │  0

A cultura popular, sobretudo a nordestina, enfeita-se de elementos semânticos que nos encanta e nos surpreende. São simples palavras ou mesmo sentenças cuja revelação do seu significado vem se perdendo no decorrer dos anos até por falta de uso entre moradores de cidades interioranas, onde a geração mais antiga foi substituída por uma nova com uma linguagem mais atualizada. Perde-se por tanto, a essência do falar brasileiro e da origem de muitas expressões utilizadas no mundo atual. Hoje o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN vem incentivando as pesquisas sobre a cultura imaterial, que inclui a língua popular brasileira de diversas regiões, assim como as línguas indígenas remanescentes. Desta forma este artigo tem por iniciativa o registro de algumas expressões muito pouco usadas ou até desaparecidas.

Perguntamos: quem alguma vez, já foi chamado de macio?

O que significa então macio, e em que circunstâncias a palavra é utilizada?

Macio É um sujeito lerdo, vagaroso e lento em tudo o que faz. A expressão é utilizada da seguinte forma: Fulano é macio demais! Significa que ele é lento demais.

Outra que dificilmente é o vida nos tempos atuais: Fulano não tem bondade! Não ter vontade não quer dizer que o indivíduo seja mau. Também não quer dizer que ele não faça o bem para ninguém. Não ter bondade significa que a pessoa não tem nenhuma cerimônia para comer beber ou conversar com alguém. É uma pessoa simples.

Outra expressão ainda mais complexa para ser compreendida é a seguinte: fulano pagou o pato sem ter nada com o peixe. A princípio qualquer um perguntaria: se pagou o pato por que não tinha nada o pato e sim com o peixe? Por que na realidade o pato significa o próprio indivíduo na sua inocência ou pato no sentido de idiota, teve prejuízo sem ter nada com peixe, esse último com o problema em questão. Seria mais clara a frase se fosse dita da seguinte forma: o pato pagou sem ter nada com o peixe. Que poderia ser muito bem compreendida como: o tolo pagou sem ter nada com o peixe.

 

 

 

About Benedito Ramos Amorim

Pesquisador, Crítico de Arte e Coordenador de Ação Cultural e Social da Associação Comercial de Maceió, tem livros publicados a partir de 1974: Mona Lisa Um Autorretrato de Leonardo da Vinci - Pesquisa, em 1979 Lamento Derradeiro que recebeu o Prêmio Moinho Nordeste da Academia Alagoana de Letras – Contos, 2003 A Construção do Palácio do Comercio – Pesquisa, Edufal, 2005, Um Amor Além do Tempo – Romance, HD Livros, 2006, Doce de Mamão Macho – Novela, Editora Catavento. Articulista em diversos jornais da capital alagoana desde 1976, no extinto Jornal de Alagoas desde 1976, a partir de 2002 no O Jornal e Jornal Gazeta de Alagoas. Prêmio Graciliano Ramos da Academia Alagoana de Letras com o romance inédito Pensamentos Mágicos em 2006, ano em que assumiu a cadeira número 9 da Academia Alagoana de Letras. Editor por 5 anos do jornal O Palácio publicado pela Coordenadoria de Ação Cultural e Social da Associação Comercial de Maceió. 2019 Prêmio Editora Gracialiano Ramos com edição dos livros, Nadi e 2ª Edição do livro Doce de Mamão Macho.

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