CARNAVAL É COISA SÉRIA
   1 de março de 2024   │     8:23  │  0

“Acabou nosso carnaval / ninguém ouve cantar canções / ninguém passa mais brincando feliz / e nos corações / saudades e cinzas foi o que restou… E no entanto é preciso cantar…”

A Marcha da Quarta-feira de Cinzas de Carlinhos Lyra e Vinicius de Moraes ecoa em todo Brasil depois de quatro dias de Carnaval. Há quem diga que as coisas no Brasil só funcionam depois do Carnaval. Pode até ser na Ilha da Fantasia, Brasília, onde Podres Poderes vivem nababescamente. Mas o brasileiro comum, do grande empresário ao operário, dia 2 de janeiro já estão no batente para sustentar sua vida e pagar os impostos.

Mas voltemos ao Carnaval. As Escolas de Samba e Blocos estão se reunindo pensando no Carnaval de 2025. Isso mesmo Carnaval é coisa séria, é emprego e renda. Em muitos locais profissionalizaram carnavalescos e planejadores de captação de recursos. Os ingleses há pouco tempo inventaram o termo Economia Criativa, ou seja a economia, o dinheiro gerado pela criatividade humana e o Carnaval Brasileiro é a síntese dessa Economia Criativa, onde pequenos empresários, tipo: ambulantes, taxistas, costureiras, músicos, montadores, pousadas, hotéis, restaurantes e outros são os maiores beneficiários. Carnaval é um grande negócio, que digam as cidades de São Paulo, Rio, Salvador, Recife, entre outras que começaram a se estruturar durante o Carnaval. Há oito anos que um grupo de foliões formaram blocos para desfilar no domingo de carnaval na orla de Maceió. Nosso carnaval se restringe a esses Quixotes que há oito anos não deixaram a peteca cair, pelo menos no domingo de carnaval. Nos outros dias de carnaval Maceió fica uma tristeza. A burguesia, mais de 200 mil habitantes, viaja para assistir os carnavais de outras cidades. A estrutura carnavalesca da cidade para os 800 mil habitantes que ficam em Maceió é pífia, o maceioense não tem direito à maior manifestação cultural popular do brasileiro, a alegria fugaz que se chama carnaval.

Esse ano de 2024 também viajei, não pude recusar o convite da Diretoria da Escola de Samba Beija-Flor que desfilou com o tema: “Um Delírio de Carnaval de Maceió de Rás Gonguila.” Homenageando Maceió e o meu amigo, carnavalesco dos anos 50/60, Gonguila.

Comprei passagens e hospedagens. Minha esposa e uma filha me acompanharam na aventura carnavalesca. Ao chegar ao Rio de Janeiro fui ao Barracão da Beija-Flor na Cidade do Samba, uma descomunal estrutura para as Escolas de Samba. Fiquei impressionado. Durante o carnaval dei um bordejo nos bairros mais badalados, Copacabana, Leblon e Ipanema, nunca vi tantos blocos. Os cariocas se fantasiam para desfilarem nos blocos, ou para ir à praia ou tomar chope nos restaurantes. As cariocas charmosíssimas veste um biquíni e uma flor no cabelo, estão fantasiadas. Nunca vi tantas mulheres bonitas e bundas tão maravilhosas.

Afinal domingo à noite o desfile da Beija-Flor, fantasiado de Guerreiro me colocaram em cima do carro alegórico representando a cultura alagoana, junto com Cacá Diegues, Márcio Canuto, Yara Pão, Setton Neto, Guga Rocha, entre outros.

Tive muitas emoções em minha vida, mas nunca igual a desfilar num carro alegórico da Beija-Flor com as alas de sambistas fantasiadas de folguedos alagoanos. O desfile das Escolas de Samba do Rio é considerado o maior espetáculo da Terra. Dançando e cantando o samba enredo inspirado em minha amada cidade: “Em Maceió, o Paraíso deu à luz a um menino… à beira-mar nascia um Rei… Que o senhor das ruas deu o seu caminho…”  O sambódromo lotado cantava e aplaudia, eu era apenas um entre os 3.500 componentes da Beija-Flor. Cheguei a pensar que todas as palmas eram para mim, bela e louca ilusão explodiu meu coração, chorei de emoção…

About Carlos Roberto Peixoto Lima

Nasceu na cidade de Maceió, na Avenida da Paz. Fez o Curso primário e secundário no Colégio Diocesano (Marista). Cursou a Escola Militar e terminou a Academia Militar das Agulhas Negras em 1961 Serviu como Tenente do Exército Brasileiro em Salvador, no Recife (quando aconteceu o Golpe de 1964), ainda como tenente foi transferido para 9ª Companhia de Fronteiras em Roraima, fronteira com a Guiana Inglesa e Venezuela. Onde fez o Curso de Guerra na Selva (CIGS) Como Capitão serviu no 20º Batalhão de Caçadores em Maceió. Terminou a Faculdade de Engenharia em 1971. Foi eleito Prefeito do município de Barra de São Miguel (1973-1977). Ao deixar a política dedicou-se à construção civil, com inúmeras obras em Maceió. Foi contratado como engenheiro da Prefeitura de Maceió, onde exerceu várias funções. Sempre dedicado à cultura e à leitura editou seu primeiro livro em 2001, CONFISSÕES DE UM CAPITÃO, sucesso em todo Brasil depois de ser entrevistado pelo Jô Soares. Não parou mais, escreve uma coluna semanal: HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA. Recentemente lançou a Trilogia das Lagoas, com os romances: Manguaba, Mundaú e Jequiá. EMAIL: [email protected]

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