A hora é momesca, estandartes a postos, carnaval… Dias de paixão desenfreada, de completa permissividade… Dias em que todos ficam liberados, entregues a si mesmos, por conta e risco de suas próprias ações; depois os ventos soprarão fortemente as fantasias, vilipendiando as alegorias do carro alegórico, abandonado no asfalto, após o desfile.
Diz-se que o carnaval é uma festa unívoca, é uma festa de todos e de todas as classes sociais, porém é bom frisar que, mesmo sendo o carnaval uma festa de descontração geral, está longe de poder ser comparada a uma festa de princípio de igualdade social.
E pode-se tomar como base, para melhormente avaliar essa afirmação, a literatura. E para uma reflexão sobre essa questão é preciso ler os renomados cronistas dos séculos passados, ler os que se propuseram, à época, escrever sobre o carnaval brasileiro.
Ao se rastrear o carnaval literariamente, tentando interpretar as argumentações escritas sobre esse fato social, vê-se o significado do apanhado de palavras que o tempo traduz, pois nelas pode-se encontrar, de modo claro, o folião carnavalesco introjetado nas diferenciações existentes nas camadas sociais. Em 1881, um cronista de pseudônimo “Puff”, afirmava que o carnaval vem da canalha e pisa os tapetes fidalgos. Desce do palácio e vulgariza-se na multidão. (Pereira, Leonardo Affonso de Miranda, 1968). Continue reading