“Na verdade, para mim, nunca foi brincadeira, muito menos de faz de conta”, dizia-me Sr. Severo, homem maduro, experiente, formado na escola da vida com louvor, referindo-se ao seu relacionamento com o companheiro, de fato mas não de direito, embora com todos os fatos e direitos.
“Há pessoas que precisam de documentos para terem consciência de que determinadas situações que existem, e aí estão, expostas aos olhos dos que quiserem ver e entender, são verdadeiras, não necessitam de formalização”, explicava ele, como se esperasse uma concordância da parte dos que o ouviam, dentre os quais, estava eu.
Como não sei ficar calado, quando provocado sou, respondi, em atenção às suas colocações, dizendo que, embora entendesse seus argumentos, suas considerações, sabia que, em determinados momentos e situações, torna-se necessário formalizar relações, tornando-as legais, independente do seu caráter, em relação à verdade e efetividade.
Continuei com minha explanação, na tentativa de deixa-lo mais tranquilo, menos ansioso, incomodado, embora sua satisfação e felicidade com a atitude tomada, fosse, realmente, visível. Ele havia feito o que era necessário fazer e, essa atitude de coragem, deixava-o visivelmente tranquilo, feliz, com a sensação do dever cumprido.
“Entendo suas colocações”, dizia ele, “mas, sei, também, que há momento para tudo nessa vida e as coisas acontecem no seu tempo devido”.
Mais uma vez, concordando com seu ponto de vista, complementei seu pensamento, dizendo que, compreendia que era chegado esse tempo e, de forma coerente, as coisas passaram, necessariamente, da informalidade para à formalidade.
Percebendo-o tranquilo e radiante, despedi-me, continuando minha caminhada, permitindo-me um tempo de reflexão sobre o que ouvi e falei, expondo meu ponto de vista sobre o assunto.
Cada cabeça é um mundo e, por mais que queiramos, jamais conseguiremos entender, totalmente, por maior que seja o esforço que façamos, esse universo enigmático que é o ser humano, com seus pensamentos, verdades e convicções. Se assim não fosse, a Medicina não teria duas especialidades, a Psiquiatria e a Psicologia, para cuidarem desses assuntos, tão complexos e profundos, responsáveis pelo nosso bem estar.
E, nada melhor do que estar bem, consigo mesmo, consciente de seus atos e ações, coerente com seus princípios e entendimentos, justificando com atitudes, não simplesmente com palavras, seu estado de satisfação com a vida, tornando-a, como deve ser, agradável de ser vivida.
Continuei minha caminhada, com a feliz sensação de, com a experiência do amigo, ali compartilhada, ter aprendido um pouco mais.
A vida é um constante aprendizado. Aprendemos com os acertos e erros, nossos e das pessoas que nos cercam, independentemente das ligações pessoais que tenhamos ou não. Observar e interpretar, atos e atitudes, leva-nos a compor nossa personalidade, munindo-nos das ferramentas indispensáveis à busca permanente da realização, da felicidade, objetivo maior da vida.
Segui em frente, com a sensação do dever cumprido, repensando, como se estivesse ouvindo, a frase do amigo que, ressoava, desafiadora e provocadora, no meu subconsciente: “Agora é pra valer”.
