Author Archives: Chantal Jeanne Lafaye Frazão

About Chantal Jeanne Lafaye Frazão

Nossa autora, Chantal Jeanne Lafaye Frazão, nasceu nos arredores de Paris, em pleno baby-boom do pós-guerra. Foi viver na capital quando tinha apenas 21 anos. Pouco depois de se mudar, a jovem cruzou o caminho de um brasileiro chamado Antônio. Assim que colocou os olhos nele, ela soube que o destino havia enfim chegado à sua porta! Em pouco tempo se apaixonaram, casaram-se e foram viver em Maceió, no ano de 1979. Chantal virou rapidamente uma alagoana, aprendeu a preparar uns quitutes nordestinos como carne de sol, feijão tropeiro ou cozido com pirão. Lançou o livro Memórias de Uma Franco-Alagoana em 2019 — obra que, nesse mesmo ano, recebeu o Prêmio Notáveis da Cultura Alagoana, na sua 16ª edição. Mais recentemente, no dia 27 de abril de 2023, Chantal entrou na ilustre Academia Alagoana de Letras, ocupando agora a cadeira 33, anteriormente ocupada pela escritora e poetisa Lyzette Lyra. Acompanhando o esposo alagoano nas suas viagens de negócios, Chantal aproveitou a vida e aprontou em NYC, Londres e outros lugares onde sua curiosidade a fez vivenciar inúmeras aventuras, que soube transfigurar em histórias, através das quais o narrador pega o leitor pela mão e o leva para passear em variegas perambulações pelo mundo afora...

OS NATAIS DA MINHA INFÂNCIA
   25 de dezembro de 2023   │     7:29  │  0

Quando recordo os natais da minha infância, a primeira coisa a emergir do passado é a lembrança olfativa da autêntica árvore de Natal, erguida no salão da nossa residência. Esparramando sua inconfundível fragrância pelos quatro cantos da casa, o tradicional abeto anunciava que Papai Noel estava por vir.

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UM MISTERIOSO CARRO PRETO
   1 de dezembro de 2023   │     9:48  │  0

Um pouco antes da viagem, eu tinha ido bater numa pequena rua de Paris, lotada de bistrôs, livrarias e butiques charmosas. Na época, havia por lá uma sapataria com os calçados mais incrementados do planeta. Eu avistara um arrojado par de sandálias vermelhas, exposto na vitrina. O modelo possuía um salto Luís XV, com perfil côncavo. Paguei com “Novos Francos”, a moeda francesa de então, e saí da lojinha toda satisfeita, carregando uma sacola de papel com o vistoso logotipo da marca. Estávamos em pleno verão parisiense, mais exatamente em junho de 1979.

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ENTRE DEUS E O DIABO ANDALUZ
   6 de novembro de 2023   │     8:21  │  0

Fazia cinco dias que estávamos em Sevilha. Antes de sair do hotel, eu havia estudado cuidadosamente meu guia comprado na FNAC. Vi que a capela de um velho mosteiro, de monjas cistercienses, em puro estilo mudéjar, era altamente recomendada. Notei também que deveríamos telefonar com antecedência para saber se a visita era possível! Achei aquilo um tanto intrigante, afinal era a primeira vez que me era sugerido marcar um rendez-vous para visitar a casa do Senhor. Tentei ligar para o número fornecido no roteiro, mas, infelizmente, era inválido.

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ENTRE DEUS E O DIABO ANDALUZ
   23 de outubro de 2023   │     5:19  │  0

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ENTRE DEUS E O DIABO ANDALUZ

Fazia cinco dias que estávamos em Sevilha. Antes de sair do hotel, eu havia estudado cuidadosamente meu guia comprado na FNAC. Vi que a capela de um velho mosteiro, de monjas cistercienses, em puro estilo mudéjar, era altamente recomendada. Notei também que deveríamos telefonar com antecedência para saber se a visita era possível! Achei aquilo um tanto intrigante, afinal era a primeira vez que me era sugerido marcar um rendez-vous para visitar a casa do Senhor. Tentei ligar para o número fornecido no roteiro, mas, infelizmente, era inválido.

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O CASTELO DO MEU PAI
   15 de setembro de 2023   │     3:29  │  4

De passagem por Paris em setembro de 2010, eu vivi um momento muito especial: o que parecia ser um simples passeio cultural transformou-se numa emocionante experiência existencial e fez brotar dentro de mim poderosas recordações afetivas. São lembranças ligadas a um castelo e ao meu pai, rei despótico que governou minha infância com mão de ferro. Era um soberano temido e amado ao mesmo tempo.

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BONECA DE PANO
   20 de agosto de 2023   │     3:55  │  6

OCerca de seis anos após chegar ao Brasil, passei por uma tragédia capilar, que me fez ser confundida com uma boneca de pano. Vou revelar todos os pormenores dessa aventura, mas, antes, eu preciso voltar no tempo, para explicar certos aspectos imprescindíveis na elaboração de toda a narrativa. Eis aqui a história!

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DURANTE UM VOO DA TAP Salvador/Lisboa, março de 2010
   19 de julho de 2023   │     7:44  │  4

Uma aeromoça havia passado no corredor, oferecendo revistas portuguesas. Outra me apresentou uma bandeja coberta por copos de suco, água e vinho branco. Graças ao programa de milhas, eu havia obtido um upgrade, permitindo-me viajar em classe executiva. Eu merecia esse conforto, pois vinha me recuperando de uma fratura na fíbula. Sentada do lado da janela, olhei o assento vazio ao meu lado. Cruzei os dedos, torcendo para ninguém se sentar.

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O CHARME DE UMA MULHER FEIOSA…
   26 de junho de 2023   │     7:33  │  0

Bem pequena eu já sabia muitas coisas sobre Edith Piaf, dado que tive curiosidade intelectual desde cedo, por volta dos meus 6 anos. A primeira ocorrência foi a seguinte: o afamado poeta, romancista, cineasta, designer, dramaturgo, ator, e encenador Jean Cocteau faleceu logo depois de tomar conhecimento da morte da sua grande amiga Edith.

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OS SICILIANOS
   14 de junho de 2023   │     5:02  │  7

Veneza, outubro 2011. Acabei de entrar no restaurante, Antônio ainda não chegou. A atendente me oferece uma mesa no terraço, debaixo de um caramanchão coberto de plantas trepadeiras.
Logo após me sentar, um garçom coloca o cardápio sobre a toalha de algodão com estampa quadriculada Vichy, vermelha e branca. Peço um copo d’água.
O tempo está radiante. Um adorável pardal, pousado na beira de um vaso com gerânios, gorjeia sons melodiosos e eufóricos. A vida é bela!

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ALGUNS FUNERAIS PITORESCOS
   22 de maio de 2023   │     11:08  │  0

ALGUNS FUNERAIS PITORESCOS

Ao longo dos meus primeiros 23 anos de vida, todos eles passados na França, estive presente somente num único enterro: o da minha avó materna, chamada Louise. Dona de uma forte personalidade, ela nunca fora de fazer as coisas pela metade. Portanto, na hora de escolher um meio para sair de cena, optou por algo radical, que não dava margem ao erro: passou dessa para a melhor, pulando debaixo de um trem!

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